quarta-feira, 2 de abril de 2008

LOTEAMENTO POPULAR DUNAS


As formas de organização dos loteamentos populares na cidade de Pelotas têm sua configuração baseada na lógica de organizar os mais desfavorecid@s longe das áreas centrais da cidade. Esses locais de centro por terem maior estrutura urbanística e social são habitados por pessoas mais favorecidas economicamente, com maior poder aquisitivo e financeiro, assim os loteamentos populares de uma forma geral vão constituindo-se na periferia em relação ao centro da cidade (assim como a cidade esta em periferia para o estado, o estado para a união, o Brasil para os centros mais desenvolvidos do planeta) e isto significa dizer que os loteamentos populares territorializam-se na periferia da cidade, o que equivale a menos estruturas imateriais e materiais por assim dizer.

No que se refere ao Loteamento Popular Dunas isto não é diferente, os seus morador@s foram sendo deslocados de áreas mais próximas do centro, cujos terrenos começaram a ganhar valor de mercado e foram sendo adquiridos por pessoas com maior poder de compra. Para facilitar a situação, a Prefeitura Municipal, através de seus técnicos e por decisão política respaldada pelo poder legislativo, idealizou um projeto de loteamento popular urbanizado localizado numa área distante do espaço central, em situação de grande precariedade de infra-estrutura. Isso influenciou uma migração de pessoas pertencentes a outros bairros, da zona rural, e também morador@s do centro da cidade, devido ao aumento da concentração das riquezas locais nas mãos de poucos, e aumento do número de famílias que tendo a sua renda reduzida, foram re’colocadas na periferia, por falta de recursos para custeio, principalmente dos aluguéis residenciais nas áreas próximas ao centro da cidade.

As características sócio-econômicas e culturais dos morador@s desse loteamento é uma situação de pobreza imaterial e material característica de locais de periferia em relação a centros estruturalmente mais favorecidos (assim como no global também observamos: Pelotas em relação à PoA, PoA a São Paulo, ...), e dentro do próprio loteamento também observamos esta relação de favorecimento imaterial e material (Centro do Dunas e Periferia do Dunas). Aliada a falta de espaços de lazer, de artes a presença da falta de empreendedorismo local e perspectivas de trabalho, cria ou potencializa uma sensação de violência, violência entendida em sua dimensão BioPsicoSocial. Um dos maiores problema do Loteamento Dunas como um todo parece ser o de uma situação de baixa estima causada pela ausência de políticas de desenvolvimento da cidade para suas regiões administrativas e muito menos ainda a loteamentos populares.

Mesmo com uma intervenção propositiva dos poderes públicos, no convênio de colaboração técnica Brasil e Alemanha no Loteamento Dunas (1996), o que culminou com a constituição e construção das estruturas do CDD – Comitê de Desenvolvimento do Loteamento Dunas1: o Estádio de Esportes, a Incubadora de Pequenos Empreendimentos e o Banco de Microcrédito. Muitos erros foram identificados, por falta de compreensão daquela realidade, tanto das próprias lideranças comunitárias como dos técnicos externos envolvidos e principalmente dos gestores estatais.

Há, no momento atual, consenso sobre a necessidade de construir redes de políticas comunitárias para o desenvolvimento responsável do Loteamento Dunas.

Nenhum comentário: