segunda-feira, 23 de outubro de 2023

ARCOD - Ateliê de Arte Contemporânea do Dunas

 ARCOD - Ateliê de Arte Contemporânea do Dunas 
é um projeto de oficinas continuadas que irão acontecer no CDD - Comitê de Desenvolvimento do Dunas (2023-2024), e que vai desenvolver diversas linguagens artísticas, a partir de um celular, de fotos, de vídeos por exemplo, ligadas as memórias e as relações com a vida - comunidade das pessoas envolvidas.
 


Todo este trabalho educativo continuado será apresentado em forma de 03 exposições no Dunas, trazendo o resultado do trabalho desenvolvido, e fazendo um mapeamento de afetos e
da compreensão da nossa realidade, através da arte e das linguagens artísticas contemporânea.


Dia 28 de outubro a partir das 17 horas no CDD - Dunas, teremos o início do ARCOD com a Exposição TUDO O QUE TEMOS É O INSTANTE!.


Além da exposição com os artistas do grupo de pesquisa Gráfica Contemporânea, terá um show com Eletricultura (Ponto de Cultura Zabubambus - SE) e a grande presença do MC Palhaço Bolaxa direto de Big River, que estará recebendo o povo e outros sucessos, e claro, a realização das inscrições para pessoas interessadas em participar das oficinas do Ateliê de Arte Contemporânea do Dunas.


O projeto tem financiamento do Procultura Pelotas, e é desenvolvido por Jahan Leão, produção do Ponto de Cultura Outro Sul e apoio do CDD - Comitê de Desenvolvimento do Dunas.


As inscrições para as oficinas são gratuitas, feitas pelo email leaojahan@gmail.com e ou presencialmente (Av. Ulisses Silveira Guimarães, 2057 - Loteamento Dunas - Bairro Areal).


Partiu Dunas!



 


domingo, 7 de maio de 2023

Incubadora CDD - Novas Conexões e Perspectivas

Sexta feira 05 de Maio aconteceu importante encontro - reunião com morador@s, ONGs e OGs que desenvolvem projetos na Incubadora do Comitê de Desenvolvimento do Dunas - CDD. Na pauta a emenda parlamentar de 250 000,00 reais para reformas no prédio da Incubadora do CDD. 

Emenda parlamentar do deputado federal Alexandre Liedemeyr, responsável pela indicação do projeto para o Loteamento Dunas - CDD e pela gestão dos recursos junto a Prefeitura Municipal de Pelotas que fará a execução. O Projeto foi desenvolvido pelo Escritório Modelo de Edificações  IF SUL _ Rio - Grandense - Campus Pelotas e acompanhará a execução do projeto.

Nas palavras do deputado federal, são projetos como este que se desenvolve em rede de organizações governamentais e não governamentais, que efetivamente conseguem um melhor retorno a comunidade como um todo. 

Também estiveram presentes o Deputado Estadual Zé Nunes, a vereadora Carla Cassais,  0 Secretário de Cultura Paulo Pedroso, representantes do Escritório Modelo de edificações do IF SUL que fizeram a apresentação do projeto a comunidade, representantes da UFPel - PREC, Usina de Teatro, Coletivo Dunas Rap, coordenação do Projeto Vida Ativa - SMED, representantes da UBS Dunas, da ONG AMIZ, Usina Feminista, Instituto Universidade da Periferia e morador@s.

A articulação inicial e o acompanhamento do projeto ficou a cargo do Assessor do deputado Marcelo Albuquerque, da Angelita Vieira das Neves representando o Instituto Universidade da Periferia, e da Simone Martins da Rosa representando o Comitê de Desenvolvimento do Dunas, e que estarão diretamente envolvidas no acompanhamento da execução do projeto.


Encontro importante na incubadora do CDD por conta do momento brasileiro também, onde parece que a alternativa mais interessante - viável por um mundo melhor e responsável, é governo e sociedade civil atuarem em rede para o desenvolvimento local das comunidades, não só para a geração de trabalho e renda, mas conectar a economia para o desenvolvimento social e cultural, sem precisar explorar as pessoas nem o ambiente.


Parabéns a tod@s envolvid@s e bora melhorar as coisas por ai.

HBBetinho - AMIZ. 


 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Ciclo de Oficinas - Hip-Hop: A cultura e o som das ruas

  

A cultura Hip-hop desde que surgiu nas periferias dos Estados Unidos na década de 70 até os dias atuais estimula pessoas do mundo inteiro através da sua linguagem a criação artística, expressão e identidade própria, fazendo com que essa cultura além de uma ferramenta de inclusão social tenha papel fundamental na construção da auto estima coletiva e através da capacitação profissional um modo de economia criativa e sustentável.

Com o foco voltado para o desenvolvimento e ampliação dos saberes referentes ao movimento hip-hop, o projeto propõe a imersão em oficinas práticas e teóricas, palestras e mostras culturais elaboradas através da importância de criar espaços onde jovens e adultos em situações de vulnerabilidade social possam ter suas próprias experimentações artísticas e oportunizar a formação e capacitação de novos membros e trabalhadores no meio artístico e cultural do hip-hop.

No total serão 18 encontros durante seis meses de residência propondo: doze oficinas, quatro palestras e duas mostras culturais, onde iremos desbravar todos os elementos do hip-hop com foco no trabalho específico do elemento disc-jóquei (DJ), sendo um dos principais difusores e responsável pelas pesquisas musicais e produção dos beats (instrumentais). As propostas sugeridas são voltadas para diversas temáticas como a história do hip-hop, técnicas de mixagem e scratch, campos de trabalho e investimento, equipamentos utilizados para discotecar, produção musical e captação de áudio, criação de conteúdo e estratégias de marketing nas redes sociais, bem como temas relacionados a ações afirmativas que utilizam o hip-hop como ferramenta de inclusão social, além de discutir a representatividade feminina e diversidade de gênero. É importante salientar que para realizar atividades vinculadas a outros elementos como MC, Breakdance e Grafite faremos o convite a artistas que já desenvolvem os seus trabalhos a bastante tempo representando seus respectivos elementos para acrescentar e aprofundar a dimensão de conhecimento prático e teórico em cada proposta sugerida. Nas duas mostras culturais iremos realizar evento em espaço aberto em frente a sede do ponto de cultura, provocando a interação com os moradores do bairro e onde iremos dar ênfase aos elementos da cultura através de apresentações artísticas, batalhas de rimas e dança, desenho de grafite na parede, criando a atmosfera do hip-hop comandada pelo mestre de cerimônia e djs.

A residência foi proposta ao Ponto de Cultura Paralelo 33 do Instituto Universidade da Periferia que atua através do desenvolvimento local, educacional em Pelotas, vinculado as ONGs AMIZ e Comitê de Desenvolvimento do Dunas que já produziram e elaboraram oficinas e atividades onde o próprio movimento hip-hop foi protagonista. O loteamento Dunas, onde fica localizada a sede do ponto, recebe desde os anos 90 atividades ligadas ao hip-hop, sendo território legítimo dessa cultura na cidade, tornando viável e bastante prático inserir a proposta e abranger o público alvo dentro desse contexto.

Por fim, durante a execução do projeto serão produzidas e gravadas quatro músicas (oficinas de produção musical e captação de áudio) com artistas e participantes das atividades, que representarão o produto final do projeto proposto em formato de EP intitulado “O som das ruas”.


ARTISTA RESIDENTE


DJ e Produtor Cultural, Luan iniciou em 2010 fazendo parte do movimento hip-hop como MC integrando o grupo de rap Três Um Dois no qual participou da gravação de três Mixtapes: Com Classe (2010), Eu tenho tempo + sei que o tempo é curto (2011) e Resistência (2013) se apresentando em locais como Espaço Cultural Fica Ahí, Feira do Livro de Pelotas e Semana Municipal do Hip-Hop.

A partir de 2012 participa de oficinas de captação de áudio e audiovisual realizadas pelas ONGs Amiz e Uniperiferia,Pontos de Cultura Outro Sul e Paralelo 33 Transformundo no Estúdio Livre Casa Brasil (CDD) e FURG (Rede Geribanda) e no programa Mídia Livre nos Bairros, estando presente em dois Encontros Estaduais dos Pontos de Cultura/TEIA-RS.

Se tornou integrante e um dos idealizadores do coletivo Dunas Rap onde começou a desenvolver atividades culturais e sociais voltadas para a comunidade,realizadas na sede do Comitê de Desenvolvimento Dunas. Em 2014 atuou como oficineiro de basquete na Associação de Hip Hop de Pelotas visitando Escolas e Cras em Pelotas e região.

Esteve presente na 9° Bienal de arte e cultura da UNE-RJ (2015),Fórum Social Mundial (2016), Acampamento Nacional do Levante SP (2014),Fórum Social Temático (2016),Fórum Social das Resistências (2017), Acampamento Nacional do MAB (2018) e fez parte da organização dos eventos culturais Dunas Rap Vol. 6 (2015),Dunas Rap na Calçada (2018) e Dunas Rap 5 Elementos (2020), Projetos aprovados no edital de apoio a eventos culturais da Secult Pelotas. Atuou nos projetos Arte da rua aos quatro ventos(2014) (Jaguarão), Folclore Norte-Sul (2017) via Paralelo 33 Transformundo e Procultura como oficineiro de rimas e beats, no projeto The Blackcine Perifa (2018) (Procultura) como técnico de aúdio e no Salve Arte Festival (2021) (via Lei Aldir Blanc como fotógrafo.

Como MC e Produtor lançou e colaborou com os trabalhos Dunas Rap Vol.2 (2016), Beattape Almoçando Discos (2015), Dunas Rap EP Alma (2019), Dmix Charme - As Ruas não são mais as mesmas (2018), Metamorfose MC’S - Mixtape sem tema (2017), Mano Rick - Do Dunas pro Mundo (2017), Dudu Cets - Fuck the System EP (2018), Beattape - Submergir (2019), L300: Dunas City Vol.1 (2020).

Durante a pandemia de Covid-19 se apresentou através de editais como Sagrada casa (Secult), Sete ao entardecer (Secult), FAC Digital RS (Sedac), Arte para esperança (Secult), Salve Arte Festival (SEDAC), TEIA RS (SEDAC), Primavera Cultura Livre (Paralelo 33 Transformundo), Beats e Tambores do Sul (Teatro 7 de Abril), Lançamento do EP Mano Rick - O Exceder do Silêncio (Biblioteca Pública de Pelotas) e Tem Preto no Sul (Natura Musical).

Lançou como DJ os projetos Black Soul Brothers - DJ Luan 312 / EP.01 , Soul Brazil https://www.facebook.com/estudiocddunas/videos/274234080131768 e Undetape 90’s BPM https://www.mixcloud.com/djluan_ln/undertape/

Se apresentando em eventos e festas como Sofá na rua, Festival Sweet Home, Piquenique Cultural, Galpão Satolep, Bloco.Rs, Festa GRAVE, Baile de Rua Stay Black, Studio Street, Noite do Vinil, Festa Pôr do Som (RG), Empório GG Cassino e recentemente no Espaço Lambe, fazendo parte da programação do VII Rap Contra o Frio (via Natura Musical).

Trabalhou com artistas locais como Guido CNR, Mano Rick, Xave e Davi Batuka, abrindo shows nacionais dos Rappers Djonga, Síntese, Shawlin, Rap Plus Size e da Cantora Marina Sena no Circuito Orelhas como DJ da Rapper Laddy Dee.

Atuou como oficineiro no projeto F.A.S.E. no CASE-Pelotas via Secult (2018) pelo período de um ano onde esteve em Porto Alegre para o 1° encontro de MC's estadual da FASE(2019), entre 2017 e 2020 no projeto Hip-Hop Cultura em Movimento (Outro Sul Hip-Hop) na Escola Ferreira Viana com alunos do EJA através do OtroPorto Indústria criativa, financiado pela lei federal de incentivo a cultura retornando em 2022.

Em 2021 ganhou os prêmios Movimento da Cultura Pelotense e Trajetórias da CUFA. Participou de Mentoria Cultural durante 1 mês com o coletivo Te Apura sobre elaboração de projetos, realizou campanha de financiamento coletivo através do Edital Enfrente da Benfeitoria e Fundação Tide Setubal arrecadando fundos para compra de equipamentos para o Estúdio CDD Dunas.

Atualmente faz parte da coordenação do Comitê de Desenvolvimento do Dunas, coordena o projeto Horta Comunitária CDD (via FLD), é DJ no projeto Classic: Guido CNR e banda e realiza oficinas de audiovisual para crianças no projeto Agentes Ambientais Locais no Residencial Amazonas através do CAMP e Fundação BB, além de se apresentar em festas e eventos e ministrar oficinas ligadas a cultura hip-hop. https://online.fliphtml5.com/nyoyw/csga/#p=66 https://www.instagram.com/p/CcLD032uvr3/ 

Dentro da realidade local o Hip-hop se insere como ferramenta pró-ativa tanto de fomento para a cultura nas periferias, trabalhando com oficinas educacionais e empoderando jovens através da instrumentalização da arte e seus elementos, como também se tornou um espaço de geração de trabalho e renda a partir da profissionalização artística de forma sustentável, proporcionando o maior interesse pela capacitação, o que fez com que a cultura fosse além de um espaço de expressão artística, um meio de trabalho e sustento para muitas pessoas.

Para além disso, o conhecimento empírico existente nessa cultura e que por muitas vezes pode e deve ser considerado o 5° elemento do hip-hop, passa a resultar em pesquisas e trabalhos acadêmicos em diversas áreas das ciências humanas que busca compreender e estudar os comportamentos e mudanças sociais das quais o hip-hop guiou muitos jovens nas últimas décadas.

Tendo essa perspectiva como diretriz, o projeto propõe de maneira prática e teórica a inserção e formação de novos integrantes, membros, militantes, artistas e amantes da cultura hip-hop e busca expressar no conteúdo dos encontros atividades voltadas para todos os tipos de públicos, além de continuar propagando as idéias e memórias que foram fundamentais para a pavimentação da cultura.

Pensando na importância desses espaços de troca e diálogo, o ponto de cultura escolhido realiza suas atividades na sede do Comitê de Desenvolvimento Dunas, onde o principal vínculo com o público alvo é justamente o estúdio de gravação e captação audiovisual que movimenta a cena de artistas locais e cria espaço para novos talentos se desenvolverem, além do salão onde acontecem oficinas mais voltadas a prática de dança, seminários e exposições de arte.


Na sede do ponto de cultura são realizadas diversas atividades culturais e sociais que se enquadram dentro da proposta, sendo referência e ponto estratégico em Pelotas principalmente por ser um espaço dentro da periferia e que atende jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, que necessitam de espaços e equipamentos como esse para ter e criar novas perspectivas em suas vidas.



 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Bem Vindas 2023

Dale muchach@s da Rede Vidadania, gracias a tod@s que participaram e contribuíram com este ano de 2022 que se encerra e abre os caminhos de 2023, e nos deixa certos de boas energias e perspectivas de bons tempos por vir, com certeza o Brasil tomou ´posse de si mesmo. E se desenha um belo e responsável governo para este país – Brasil, que bem!

Vivemos tempos difíceis nesta última década com golpes institucionais – pandemia – desgovernança, neste processo de educar se educando em comunhão, demos nossa contribuição para estes tempos difíceis, que nos exigiram mais comprometimento e responsabilidade com nossas ações locais e globais, e que bem que conseguimos novamente uma governança para o Brasil, o país da diversidade cultural, da cultura viva e pulsante em cada ponto, destes vários Brasis que habitamos.

Enfrentamos todas estas batalhas e chegando firmes e fortes em 2023, Fortalecemos Coletivos e Organizações Culturais em Rede, a partir do Loteamento Dunas - Cidade - Mundo, tendo na linha de frete a UNIPERIFERIA - Instituto Universidade da Periferia, a AMIZ - Unidade de Formação e Capacitação Humana e Profissional e o CDD - Comitê de Desenvolvimento do Dunas.

Agora em 2023 seguimos firmes e mais fortes impulsionados pela perspectiva de um Brasil melhor e possível, e que por certo a governança que assume o Brasil, além de respeitar vai oferecer ferramentas para garantir a Diversidade Cultural Brasileira e fazer um país melhor, com respeito as pessoas e ao ambiente.


Valeu de mais! Bora 2023…

Fica também uma ótima notícia aprovamos o projeto Dunas: o Canto de um Canto do Mundo (ópera rap, incluindo outros “sucessos”) projeto inscrito na Região Funcional 5 (RF5), e recebeu da  Comissão Julgadora a nota final de 96 pontos de 100, de acordo com os critérios previstos no Edital. 

O proponente Instituto Universidade da Periferia assinou Termo de Responsabilidade e Compromisso (TRC) com a Secretaria de Estado da Cultura para realização do projeto selecionado, o qual tem como objeto  um espetáculo cênico, multidisciplinar e comunitário, cujo fio condutor é o hip hop e suas expressões - rap, dança e grafite. Resgata a gênese histórica do loteamento Dunas, sob a luz dos conflitos urbanos que lhe deram origem. 

O prazo para execução do projeto é de 12 meses e o valor total é de R$ 100.000,00, a serem financiados com recursos do FAC/RS, atráves de financiamento direto não reembolsável.

Todas as atividades do projeto terrão acesso gratuito ao público (sem cobrança de ingressos).

O projeto será desenvolvido pelo NÚCLEO DE ARTE E CULTURA POPULAR DO COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO DO DUNAS e Apresentará o espetáculo:

Dunas: o Canto de um Canto do Mundo
(ópera rap, incluindo outros “sucessos”)
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Espetáculo cênico, multidisciplinar e comunitário, cujo fio condutor é o hip hop e suas expressões -rap, dança e grafite. Resgata a gênese histórica do loteamento Dunas, sob a luz dos conflitos urbanos que lhe deram origem.
Na base metodológica da concepção de “Dunas: o canto de um canto do mundo”, o Teatro Épico de Bertold Brecht como modelo de aprendizagem, sensibilização e criação dramatúrgica.
“O teatro épico é um teatro historicizado, onde a fábula tem primazia sobre a ação dramática linear e progressiva. O
artista atuador deve tratar os acontecimentos como acontecimentos históricos, vinculados a uma determinada época, tem certas características ultrapassadas a serem ultrapassadas em virtude do caminhar da história e está sujeito à crítica do ponto de vista de cada época posterior.” (Brecht)
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Num espetáculo de aproximadamente 75 minutos, as cenas são recortes e “colagens” do cotidiano, onde mazelas sociais são narradas, rimadas, coreografadas, grafitadas, cenografadas e vivenciadas por um vasto elenco (em torno de 100) de jovens artistas.
Em suma, visa-se, com a ópera rap “Dunas: o canto de um canto do mundo” apresentar a um público, via de regra, distante das artes cênicas, o resultado da práxis e do sentido do teatro comunitário, a
valorização de aspectos relativos à ampliação do campo consciência de jovens artistas na periferia urbana e seus reflexos nos processos de crescimento individual dos sujeitos envolvidos na construção estética do objeto em pauta.
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Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão. (Mano Rick)
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-I ATO –
Os retirantes urbanos
“Da observação nasce o espanto, do espanto surge a compreensão de que assim como está não está bom. Para observar é preciso aprender a comparar. Para comparar é preciso já ter observado. A
observação constrói um saber, mas um certo saber é necessário, para saber observar. E, observa mal, aquele que registra suas observações mas não sabe o que fazer delas” (Brecht).
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O Loteamento Dunas é um bairro da periferia do município de Pelotas. Assentamento urbano surgido, enquanto projeto, em meados da década de 80 a partir da incorporação, por parte do poder público municipal, de uma gleba de 60 hectares de um devedor da seguridade social. Atualmente, conta uma
população de aproximadamente 30 mil habitantes.
O processo de implementação de um loteamento organizado, visando alojar “pobres” e que deveria aliviar a pressão sobre áreas valorizadas do mercado imobiliário, mal começou e em seguida foi
abandonado. Trocas de governo e as “invasões” exigiram medidas imediatas e, assim, o foco do poder público - repassar lotes com estrutura de ambiência urbana adequada à habitação - mudou e os lotes
começaram a ser entregues somente com as medidas geométricas (7 x12 m), sem as mínimas condições de habitação e reproduzindo a regra geral dos assentamentos urbanos periféricos no Brasil.
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Esse contexto configura a primeira parte do espetáculo, onde bonecos gigantes, representando os retirantes urbanos (livremente inspirados em Candido Portinari – sim, a arte moderna brasileira
completa 100 anos a partir da semana de 22), em cortejo, ingressam na arena de um campo de futebol ao lado do CDD, especialmente iluminado e cenografado, para as apresentações do
espetáculo. O cortejo segue com serie de coreografias e diálogos que remontam a vida e as expectativas dos primeiros habitantes/ocupantes daquele espaço inóspito.

-II ATO
Nunca foi boa vontade, muito menos bondade sempre foi luta.
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“Repensar Brecht hoje é fundamental para uma reflexão mais profunda, não só do teatro, mas da arte como um todo. Brecht pensou um teatro que respondesse de maneira clara e eficiente os anseios da classe trabalhadora.
Um teatro materialista e dialético que não fosse simplesmente um panfleto ou um palanque, mas que proporcionasse um tomada de consciência e uma reflexão sobre as contradições fundamentais da sociedade capitalista.
Não se trata de uma fórmula e, sim, possibilidades. Uma proposta aberta a discussão e sujeita sempre a adequações e reformulações”. (Luiz Paixão).
A segunda parte, ou o segundo cortejo, em de “Dunas: o canto de um canto do mundo” aborda o conjunto de ações e movimentos associativos organizados que alavancaram conquistas fundamentais, entre elas: água, luz, escola, creche e posto de saúde.
A cena se constrói a partir da visão Foucaltiana sobre a genealogia do poder, sobre saberes e necessidades que necessitam ser ativados e insurgidos. Diz Foucault, que a moldura das relações de
poder pode vir a ser modificada a partir do ativamento desses saberes “inferiores e desqualificados” (do doente, do louco e dos socialmente marginalizados), um saber das pessoas, o que não quer dizer de forma alguma um saber comum ou um bom senso, mas uma episteme diferente, incapaz da unanimidade. A crítica para Foucault parte sempre de um ponto local, de uma microfísica da realidade para que então se possa problematizar os sistemas globais e o que está colocado ou construído cultural ou historicamente como verdadeiro e absoluto.
A crítica com caráter essencialmente local que Foucault pretende autorizar diz respeito à produção teórica autônoma, de maneira que se possa partir de uma realidade local, até mesmo vivencial, sem que seja necessário respeitar qualquer discurso que a legitime, ou que pelo menos sirva como elemento para que se possa compreender as relações de poder e o sistema de “verdade científica” na qual estamos inseridos.
O capitalismo não superou suas contradições e, no segundo ato de “Dunas: o canto de um canto do mundo” se apresentam cada dia mais acirradas. Os retirantes urbanos, as famílias e principalmente as mães ainda têm que lutar arduamente pelo pão e pelos direitos primários da sobrevivência, numa sociedade determinada pela especulação, pelo lucro e pelo consumo. Para entender o mundo como passível de modificação, é preciso compreender o homem como agente transformador e, ao mesmo tempo, transformável.

-III ATO
Loteamento Dunas: O sentido épico na contenda por moradia
"Épico" é um adjetivo que se refere a algo que relata em versos uma ação heroica.
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A ocorrência de assentamentos humanos precários é um fenômeno recorrente no Brasil e está disseminado em cidades de todos os portes, embora seja mais frequente nos municípios com população acima de 500 mil habitantes, onde 97,3% dos municípios nessa faixa de tamanho acusaram a ocorrência de favelas, 94,6% de loteamentos irregulares ou clandestinos e 86,5% a presença de cortiços (IBGE/MUNIC/2009). Esses números são um indício de que os assentamentos precários são um fenômeno tipicamente urbano e metropolitano, sendo inerentes ao próprio modelo de
desenvolvimento adotado no país, caracterizado por um processo de urbanização desigual, espacialmente concentrador, ambientalmente desordenado e socialmente excludente, marcado por elevados níveis de desigualdades socio-espaciais.
Nesta terceira parte, sob a perspectiva do teatro épico de Bertold Brecht, prevalece a recusa do espetáculo como hipnose ou anestesia: o espectador deve conservar-se intelectualmente ativo, capaz de assumir diante do que lhe é mostrado a única atitude cientificamente correta – a postura crítica,
Novamente, em cena bonecos gigantes, representando os “barões” da especulação imobiliária, que estão em conflito com “retirantes urbanos”, tanto no loteamento Dunas, como de resto na grande
maioria das metrópoles latino-americanas. As coreografias, os recursos audiovisuais e a narrativa rimada conduzem o público, na arquibancada da arena, à reflexão crítica.

IV ATO
Arte, resistência e comunhão
“Necessitamos de uma arte cênica que não proporcione somente as sensações e os impulsos que são permitidos dentro do respectivo contexto histórico das relações humanas (em que as ações se realizam), mas também que empregue e suscite pensamentos e sentimentos que ajudem a transformação desse mesmo contexto”. (Brecht).
O espetáculo “Dunas: o canto de um canto do mundo” que até aqui apresentou uma visão crítica sobre as contradições e conflitos na origem de loteamentos e assentamentos populares, em cidades de grande e médio porte, marca das periferias brasileiras e latino-americanas se volta, em seu último ato, a demonstrar que o homem tem a capacidade, o direito e o dever de transformar o mundo em que vive. E que o destino do homem deve ser sempre preparado por ele mesmo.
A arte popular e seus processos passam a ocupar o centro da resistência social e política. O último cortejo tem como pano de fundo os grafiteiros atuando sobre painéis construídos
especialmente para o espetáculo e trazem ao centro da arena do CDD todos os participantes das oficinas preparatórias do espetáculo, descritas na metodologia.
É celebração coletiva, onde se busca enaltecer a comunidade local sua cultura e seus saberes, o povo
e suas manifestações, que a indústria cultural, quase sempre, teima em querer esconder.
Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão.
As ruas falam comigo, desde menino noto meu mano,
Dialogo com o ambiente como um canto africano,
Interpreto do meu jeito todo ensinamento,
Questiono com sentimento a falta de cada mano.
Um ambiente harmonioso é uma dadiva
Nem falo em utopia por hora respeito basta,
Torço por isso, pois conheço o efeito da atitude
É a presença ilustre da paz que eu quero pra minha quebrada.
Real situação e aqui da minha posição, não há suposição,
Sei que uns jogam sujo, mas nem por isso eu fujo, mano
A convivência com o perigo fez-me dobrar a atenção,
Aplico a consequência em cada ação legitimando os planos.
De quantos manos, quantos sonhos, foi real no sonho?
No mundo estranho fui um estranho meus pés não botei;
Foi dito e feito, mais de mil caíram ao meu lado,
Vi o fluxo de perto mas afastado eu fiquei.
Reforço aqui que tudo é parte da minha formação,
A experiência ganha na trajetória em meu chão,
E a minha família um sentimento que não abro mão
Realço o laço forte e a eterna gratidão,
E deposito a esperança nas crianças da vila,
Com sorrisos e palavras que são lições de vida.
E o que escrevo não descreve o sentimento que sinto,
Vila Dunas onde for levo a essência comigo.
Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão.
Minha vida minha vila, meu bairro minha sina,
Meus manos e nossas lembranças de infância vivas.
Aos 10 o mundo já cobrava mais responsa e se pá,
Eu já tinha em mente o que ele iria me guardar.
Amigos, não amigos, e os amigos de sempre,
Irmãos que me provaram ser mais do que o abraço sente,
Foram vitórias e derrotas e amores
E alívios e mais dores ao lembra, assim, de repente.
E tudo ficou bem guardado no seu lugar certo,
Como o Sisco me disse que por "noiz" foi mais do que correto,
Tão verdadeiro como o abraço do Davi sincero,
Ditos do Pank "não se planta semente em concreto".
Me vem em mente as tardes do campo da 15 e flerto
Momentos com o Yuri, o Josef o Stefano,
Guido na 12 e as madruga de 12 discreto;
Era "piá" ouvia o rap e analisava o resto.
E o tempo voou e eu nem percebi
Que tudo passa menos a dor do irmão que eu perdi.
E "noiz" da vila aprende na dor e assim me manti,
Dona Rosane me fez ser o que sou e eu nunca esqueci,
As palavras que ela me fala até hoje sempre doce
Com o seu tom de pele noite que me ajuda a segui,
E como o Cassiano hoje louco fui curtindo um Johnguen nos fones
Bolando um plano pra vê minha dama sorri.
Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão.
Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão. (Mano Rick - Composição tema do espetáculo)
Pode ser uma imagem de texto que diz "NÚCLEO DE ARTE E CULTURA POPULAR DO COMITE DE DESENVOLVIMENTO DO DUNAS Apresenta: bunas ٥ canto de Um canto do Mundo Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão; E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão, ο sentimento que construi, na minha trajetória em meu chão. (Mano Rick)"
Você, Clóvis Veronez, Eliana Weber e outras 21 pessoas
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