quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Bem Vindas 2023

Dale muchach@s da Rede Vidadania, gracias a tod@s que participaram e contribuíram com este ano de 2022 que se encerra e abre os caminhos de 2023, e nos deixa certos de boas energias e perspectivas de bons tempos por vir, com certeza o Brasil tomou ´posse de si mesmo. E se desenha um belo e responsável governo para este país – Brasil, que bem!

Vivemos tempos difíceis nesta última década com golpes institucionais – pandemia – desgovernança, neste processo de educar se educando em comunhão, demos nossa contribuição para estes tempos difíceis, que nos exigiram mais comprometimento e responsabilidade com nossas ações locais e globais, e que bem que conseguimos novamente uma governança para o Brasil, o país da diversidade cultural, da cultura viva e pulsante em cada ponto, destes vários Brasis que habitamos.

Enfrentamos todas estas batalhas e chegando firmes e fortes em 2023, Fortalecemos Coletivos e Organizações Culturais em Rede, a partir do Loteamento Dunas - Cidade - Mundo, tendo na linha de frete a UNIPERIFERIA - Instituto Universidade da Periferia, a AMIZ - Unidade de Formação e Capacitação Humana e Profissional e o CDD - Comitê de Desenvolvimento do Dunas.

Agora em 2023 seguimos firmes e mais fortes impulsionados pela perspectiva de um Brasil melhor e possível, e que por certo a governança que assume o Brasil, além de respeitar vai oferecer ferramentas para garantir a Diversidade Cultural Brasileira e fazer um país melhor, com respeito as pessoas e ao ambiente.


Valeu de mais! Bora 2023…

Fica também uma ótima notícia aprovamos o projeto Dunas: o Canto de um Canto do Mundo (ópera rap, incluindo outros “sucessos”) projeto inscrito na Região Funcional 5 (RF5), e recebeu da  Comissão Julgadora a nota final de 96 pontos de 100, de acordo com os critérios previstos no Edital. 

O proponente Instituto Universidade da Periferia assinou Termo de Responsabilidade e Compromisso (TRC) com a Secretaria de Estado da Cultura para realização do projeto selecionado, o qual tem como objeto  um espetáculo cênico, multidisciplinar e comunitário, cujo fio condutor é o hip hop e suas expressões - rap, dança e grafite. Resgata a gênese histórica do loteamento Dunas, sob a luz dos conflitos urbanos que lhe deram origem. 

O prazo para execução do projeto é de 12 meses e o valor total é de R$ 100.000,00, a serem financiados com recursos do FAC/RS, atráves de financiamento direto não reembolsável.

Todas as atividades do projeto terrão acesso gratuito ao público (sem cobrança de ingressos).

O projeto será desenvolvido pelo NÚCLEO DE ARTE E CULTURA POPULAR DO COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO DO DUNAS e Apresentará o espetáculo:

Dunas: o Canto de um Canto do Mundo
(ópera rap, incluindo outros “sucessos”)
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Espetáculo cênico, multidisciplinar e comunitário, cujo fio condutor é o hip hop e suas expressões -rap, dança e grafite. Resgata a gênese histórica do loteamento Dunas, sob a luz dos conflitos urbanos que lhe deram origem.
Na base metodológica da concepção de “Dunas: o canto de um canto do mundo”, o Teatro Épico de Bertold Brecht como modelo de aprendizagem, sensibilização e criação dramatúrgica.
“O teatro épico é um teatro historicizado, onde a fábula tem primazia sobre a ação dramática linear e progressiva. O
artista atuador deve tratar os acontecimentos como acontecimentos históricos, vinculados a uma determinada época, tem certas características ultrapassadas a serem ultrapassadas em virtude do caminhar da história e está sujeito à crítica do ponto de vista de cada época posterior.” (Brecht)
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Num espetáculo de aproximadamente 75 minutos, as cenas são recortes e “colagens” do cotidiano, onde mazelas sociais são narradas, rimadas, coreografadas, grafitadas, cenografadas e vivenciadas por um vasto elenco (em torno de 100) de jovens artistas.
Em suma, visa-se, com a ópera rap “Dunas: o canto de um canto do mundo” apresentar a um público, via de regra, distante das artes cênicas, o resultado da práxis e do sentido do teatro comunitário, a
valorização de aspectos relativos à ampliação do campo consciência de jovens artistas na periferia urbana e seus reflexos nos processos de crescimento individual dos sujeitos envolvidos na construção estética do objeto em pauta.
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Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão. (Mano Rick)
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-I ATO –
Os retirantes urbanos
“Da observação nasce o espanto, do espanto surge a compreensão de que assim como está não está bom. Para observar é preciso aprender a comparar. Para comparar é preciso já ter observado. A
observação constrói um saber, mas um certo saber é necessário, para saber observar. E, observa mal, aquele que registra suas observações mas não sabe o que fazer delas” (Brecht).
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O Loteamento Dunas é um bairro da periferia do município de Pelotas. Assentamento urbano surgido, enquanto projeto, em meados da década de 80 a partir da incorporação, por parte do poder público municipal, de uma gleba de 60 hectares de um devedor da seguridade social. Atualmente, conta uma
população de aproximadamente 30 mil habitantes.
O processo de implementação de um loteamento organizado, visando alojar “pobres” e que deveria aliviar a pressão sobre áreas valorizadas do mercado imobiliário, mal começou e em seguida foi
abandonado. Trocas de governo e as “invasões” exigiram medidas imediatas e, assim, o foco do poder público - repassar lotes com estrutura de ambiência urbana adequada à habitação - mudou e os lotes
começaram a ser entregues somente com as medidas geométricas (7 x12 m), sem as mínimas condições de habitação e reproduzindo a regra geral dos assentamentos urbanos periféricos no Brasil.
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Esse contexto configura a primeira parte do espetáculo, onde bonecos gigantes, representando os retirantes urbanos (livremente inspirados em Candido Portinari – sim, a arte moderna brasileira
completa 100 anos a partir da semana de 22), em cortejo, ingressam na arena de um campo de futebol ao lado do CDD, especialmente iluminado e cenografado, para as apresentações do
espetáculo. O cortejo segue com serie de coreografias e diálogos que remontam a vida e as expectativas dos primeiros habitantes/ocupantes daquele espaço inóspito.

-II ATO
Nunca foi boa vontade, muito menos bondade sempre foi luta.
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“Repensar Brecht hoje é fundamental para uma reflexão mais profunda, não só do teatro, mas da arte como um todo. Brecht pensou um teatro que respondesse de maneira clara e eficiente os anseios da classe trabalhadora.
Um teatro materialista e dialético que não fosse simplesmente um panfleto ou um palanque, mas que proporcionasse um tomada de consciência e uma reflexão sobre as contradições fundamentais da sociedade capitalista.
Não se trata de uma fórmula e, sim, possibilidades. Uma proposta aberta a discussão e sujeita sempre a adequações e reformulações”. (Luiz Paixão).
A segunda parte, ou o segundo cortejo, em de “Dunas: o canto de um canto do mundo” aborda o conjunto de ações e movimentos associativos organizados que alavancaram conquistas fundamentais, entre elas: água, luz, escola, creche e posto de saúde.
A cena se constrói a partir da visão Foucaltiana sobre a genealogia do poder, sobre saberes e necessidades que necessitam ser ativados e insurgidos. Diz Foucault, que a moldura das relações de
poder pode vir a ser modificada a partir do ativamento desses saberes “inferiores e desqualificados” (do doente, do louco e dos socialmente marginalizados), um saber das pessoas, o que não quer dizer de forma alguma um saber comum ou um bom senso, mas uma episteme diferente, incapaz da unanimidade. A crítica para Foucault parte sempre de um ponto local, de uma microfísica da realidade para que então se possa problematizar os sistemas globais e o que está colocado ou construído cultural ou historicamente como verdadeiro e absoluto.
A crítica com caráter essencialmente local que Foucault pretende autorizar diz respeito à produção teórica autônoma, de maneira que se possa partir de uma realidade local, até mesmo vivencial, sem que seja necessário respeitar qualquer discurso que a legitime, ou que pelo menos sirva como elemento para que se possa compreender as relações de poder e o sistema de “verdade científica” na qual estamos inseridos.
O capitalismo não superou suas contradições e, no segundo ato de “Dunas: o canto de um canto do mundo” se apresentam cada dia mais acirradas. Os retirantes urbanos, as famílias e principalmente as mães ainda têm que lutar arduamente pelo pão e pelos direitos primários da sobrevivência, numa sociedade determinada pela especulação, pelo lucro e pelo consumo. Para entender o mundo como passível de modificação, é preciso compreender o homem como agente transformador e, ao mesmo tempo, transformável.

-III ATO
Loteamento Dunas: O sentido épico na contenda por moradia
"Épico" é um adjetivo que se refere a algo que relata em versos uma ação heroica.
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A ocorrência de assentamentos humanos precários é um fenômeno recorrente no Brasil e está disseminado em cidades de todos os portes, embora seja mais frequente nos municípios com população acima de 500 mil habitantes, onde 97,3% dos municípios nessa faixa de tamanho acusaram a ocorrência de favelas, 94,6% de loteamentos irregulares ou clandestinos e 86,5% a presença de cortiços (IBGE/MUNIC/2009). Esses números são um indício de que os assentamentos precários são um fenômeno tipicamente urbano e metropolitano, sendo inerentes ao próprio modelo de
desenvolvimento adotado no país, caracterizado por um processo de urbanização desigual, espacialmente concentrador, ambientalmente desordenado e socialmente excludente, marcado por elevados níveis de desigualdades socio-espaciais.
Nesta terceira parte, sob a perspectiva do teatro épico de Bertold Brecht, prevalece a recusa do espetáculo como hipnose ou anestesia: o espectador deve conservar-se intelectualmente ativo, capaz de assumir diante do que lhe é mostrado a única atitude cientificamente correta – a postura crítica,
Novamente, em cena bonecos gigantes, representando os “barões” da especulação imobiliária, que estão em conflito com “retirantes urbanos”, tanto no loteamento Dunas, como de resto na grande
maioria das metrópoles latino-americanas. As coreografias, os recursos audiovisuais e a narrativa rimada conduzem o público, na arquibancada da arena, à reflexão crítica.

IV ATO
Arte, resistência e comunhão
“Necessitamos de uma arte cênica que não proporcione somente as sensações e os impulsos que são permitidos dentro do respectivo contexto histórico das relações humanas (em que as ações se realizam), mas também que empregue e suscite pensamentos e sentimentos que ajudem a transformação desse mesmo contexto”. (Brecht).
O espetáculo “Dunas: o canto de um canto do mundo” que até aqui apresentou uma visão crítica sobre as contradições e conflitos na origem de loteamentos e assentamentos populares, em cidades de grande e médio porte, marca das periferias brasileiras e latino-americanas se volta, em seu último ato, a demonstrar que o homem tem a capacidade, o direito e o dever de transformar o mundo em que vive. E que o destino do homem deve ser sempre preparado por ele mesmo.
A arte popular e seus processos passam a ocupar o centro da resistência social e política. O último cortejo tem como pano de fundo os grafiteiros atuando sobre painéis construídos
especialmente para o espetáculo e trazem ao centro da arena do CDD todos os participantes das oficinas preparatórias do espetáculo, descritas na metodologia.
É celebração coletiva, onde se busca enaltecer a comunidade local sua cultura e seus saberes, o povo
e suas manifestações, que a indústria cultural, quase sempre, teima em querer esconder.
Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão.
As ruas falam comigo, desde menino noto meu mano,
Dialogo com o ambiente como um canto africano,
Interpreto do meu jeito todo ensinamento,
Questiono com sentimento a falta de cada mano.
Um ambiente harmonioso é uma dadiva
Nem falo em utopia por hora respeito basta,
Torço por isso, pois conheço o efeito da atitude
É a presença ilustre da paz que eu quero pra minha quebrada.
Real situação e aqui da minha posição, não há suposição,
Sei que uns jogam sujo, mas nem por isso eu fujo, mano
A convivência com o perigo fez-me dobrar a atenção,
Aplico a consequência em cada ação legitimando os planos.
De quantos manos, quantos sonhos, foi real no sonho?
No mundo estranho fui um estranho meus pés não botei;
Foi dito e feito, mais de mil caíram ao meu lado,
Vi o fluxo de perto mas afastado eu fiquei.
Reforço aqui que tudo é parte da minha formação,
A experiência ganha na trajetória em meu chão,
E a minha família um sentimento que não abro mão
Realço o laço forte e a eterna gratidão,
E deposito a esperança nas crianças da vila,
Com sorrisos e palavras que são lições de vida.
E o que escrevo não descreve o sentimento que sinto,
Vila Dunas onde for levo a essência comigo.
Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão.
Minha vida minha vila, meu bairro minha sina,
Meus manos e nossas lembranças de infância vivas.
Aos 10 o mundo já cobrava mais responsa e se pá,
Eu já tinha em mente o que ele iria me guardar.
Amigos, não amigos, e os amigos de sempre,
Irmãos que me provaram ser mais do que o abraço sente,
Foram vitórias e derrotas e amores
E alívios e mais dores ao lembra, assim, de repente.
E tudo ficou bem guardado no seu lugar certo,
Como o Sisco me disse que por "noiz" foi mais do que correto,
Tão verdadeiro como o abraço do Davi sincero,
Ditos do Pank "não se planta semente em concreto".
Me vem em mente as tardes do campo da 15 e flerto
Momentos com o Yuri, o Josef o Stefano,
Guido na 12 e as madruga de 12 discreto;
Era "piá" ouvia o rap e analisava o resto.
E o tempo voou e eu nem percebi
Que tudo passa menos a dor do irmão que eu perdi.
E "noiz" da vila aprende na dor e assim me manti,
Dona Rosane me fez ser o que sou e eu nunca esqueci,
As palavras que ela me fala até hoje sempre doce
Com o seu tom de pele noite que me ajuda a segui,
E como o Cassiano hoje louco fui curtindo um Johnguen nos fones
Bolando um plano pra vê minha dama sorri.
Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão.
Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração
Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão;
E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão,
O sentimento que construí, na minha trajetória em meu chão. (Mano Rick - Composição tema do espetáculo)
Pode ser uma imagem de texto que diz "NÚCLEO DE ARTE E CULTURA POPULAR DO COMITE DE DESENVOLVIMENTO DO DUNAS Apresenta: bunas ٥ canto de Um canto do Mundo Respeito o lugar de onde vim, e trago no meu coração Histórias de amor que vivi, na minha trajetória em meu chão; E tudo que aqui aprendi, divido com cada irmão, ο sentimento que construi, na minha trajetória em meu chão. (Mano Rick)"
Você, Clóvis Veronez, Eliana Weber e outras 21 pessoas
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