Duração: 47 minutos / Após o espetáculo haverá uma mostra do prcesso e conversa com o público
Tatá Dança Simões
Tatá Dança Simões é uma transcriação[N1] da obra literária de Simões Lopes Neto construída na linguagem cênica denominada dança-teatro[CCD2] . A proposta do espetáculo é reinventar e refazer, nos corpos dos intérpretes-criadores, as emoções e o modo de perceber a vida que o escritor pelotense expressou em seus textos. Para isto o grupo passou pela experiência de revisitar raízes, desconstruí-las, reconstruí-las, e encontrar algo que tivesse sentido para cada integrante, que falasse de cada um, do que pensa da vida e do que deseja da vida.
João Simões Lopes Neto[N3] nasceu em Pelotas, em 1865. Publicou três livros: Cancioneiro Guasca (1910), Contos Gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913). Morreu em 1916. Postumamente são publicados Casos do Romualdo (1952) e Terra Gaúcha (1955). Ele escreveu textos de diversos estilos para jornais, assim como várias peças de teatro. Escreveu sobre o campo, mas viveu na cidade. Porém, viveu num tempo em que a cidade era muito diferente dessa que conhecemos hoje. Hoje temos mais pressa, temos mais informações, mas as grandes questões do ser humano continuam as mesmas: o medo, o amor, a justiça, a humanidade, a vida e a morte. Foi sobre esses temas que ele escreveu, de forma tão bela e tão forte.
“Naquele tempo os campos ainda eram abertos, não havia entre eles nem divisas nem cercas; somente nas volteadas se apanhava a gadaria xucra e os veados e as avestruzes corriam sem empecilhos...” Lendas do Sul – Negrinho do Pastoreio
Parece que o objetivo de Simões Lopes Neto era ser folclorista, resgatar e resguardar a fala do campeiro rio-grandense através dos seus escritos, mas acabou fazendo literatura, revelando com inventividade e beleza as dores e alegrias humanas. Sua obra é “um manancial de poesia e verdade[N4] ”, sua força “está no ritmo, nas pausas bem dosadas, e em saber sugerir apenas quando mais vale sugerir, mas dizer logo e tudo, quando é preciso dizer.”. É o jeito de Simões escrever, a forma de construir com as palavras e com a pontuação, que faz com que a gente goste e se identifique. É esse jeito que o Tatá busca transcriar em suas coreografias.
Ficha Técnica
Concepção coreográfica e direção: Maria Falkembach
Intérpretes-criadores:
Alexandra Rodrigues Latuada
Allan Moscon Zamperini
Arthur Malaspina Jr.
Denise dos Anjos Azevedo
Fernanda Thiel de Freitas
Gessi de Almeida Könzgen
Higor Alencar de Carvalho
Hirina Renner Costa
Monique Alves Carvalho
Taís Chaves Prestes
Trilha sonora: colagem musical de composições de Leandro Maia, Paulinho Cardoso, Luciano Maia, Barbosa Lessa, Alejandro Massioti, Tio Bilia e Palacatum
Figurino: Marcelo Silva
Iluminação: Daniel Furtado
Costureira: Larissa Martins
Documentação: Catia Carvalho
Alunos bolsistas:
Gessi de Almeida Könzgen
Arthur Malaspina Jr.
Produção Executiva: Tatá Núcleo de Dança-Teatro
Projeto de Extensão do Curso de Licenciatura em Dança / UFPEL
[N1]A arte é impossível de ser traduzida, mas pode ser reescrita em outra língua (ou em outra arte) quando o “tradutor” recria a obra original. Essa operação é chamada de transcriação.
Dança-Teatro é uma das maneiras de denominar um espetáculo construído na interface entre a dança e o teatro. Isso significa que utiliza elementos tanto de uma arte quanto da outra. O Tatá se denomina dança-teatro porque entende que o teatro e a dança partem dos mesmos princípios: construção de movimentos e de ações. A primeira pessoa que usou o termo dança-teatro para denominar sua obra foi Rudolf Laban (1879-1958). Ele dedicou sua vida a estudar o movimento, pois acreditava na importância da dança para a educação do ser humano. Quem tornou o termo dança-teatro mais conhecido foi Pina Bausch (1940– 2009), diretora e coreógrafa da companhia Wuppertal Tanztheater, na cidade de Wuppertal, na Alemanha, desde 1973.
[N3]Mais informações no site www.joaosimoeslopesneto.com.br
[N4]Quem escreveu essas palavras sobre Simões Lopes foi Augusto Meyer (1902-1970), escritor e crítico literário gaúcho.
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