terça-feira, 18 de março de 2008

EIXO TEMÁTICO EDUCAÇÃO E CULTURA


UNIPERIFERIA

EIXO TEMÁTICO: EDUCAÇÃO, CULTURA E LAZER

Situando uma proposta, convidando parceiros que se identifiquem de algum modo com ela e queiram construí-la, alterá-la...

O contexto do fórum social das periferias nos ajudou a perceber melhor algumas demandas e possibilidades no campo da educação, da cultura e do lazer. Esses elementos não estão dissociados, ao contrário se entrecruzam e se relacionam de múltiplas formas, em diferentes contextos. Quando falamos em periferia, falamos em diversidade, há muitas formas de vivê-la, de experimentá-la, de acordo com o grupo com o qual me relaciono, com a rua onde moro, com a minha faixa etária, com a minha identidade de gênero, com o meu modo de perceber o tempo e o espaço, com os valores que construo, enfim... Pensando nesse sentido, no que é diverso e complexo, decidimos construir uma proposta direcionada aos jovens, sempre em relação a esse contexto mais amplo da periferia e do mundo (pois tudo isso está imbricado).

Sabemos que há várias construções negativas do que é ser jovem hoje, na mídia massificatória, por exemplo, geralmente os jovens são mostrados em cenas que envolvem violência, e desordem. Construindo uma cultura de medo e de pânico, percebemos na história da formação da sociedade brasileira representações sociais que estigmatizam esses sujeitos, mais especificamente, os jovens de classes populares. Esses sujeitos, que são invisíveis no cotidiano frente às oportunidades de ascensão social e do acesso aos direitos, tornam-se visíveis quando a cena e as narratividades se dão num território de conflito com a lei, de marginalidade e de crime. Sujeitos que estão em zonas de sombra e que a “luz” se propaga sobre eles quando em visibilidades negativas, reservando a eles um local produzido por “outros”.

As diversas formas como os jovens são olhados, percebidos e identificados, criam “etiquetagens”, colando neles realidades representacionais, discursivas e mitificadas. Dessa forma, os jovens são também o que deles se pensa, se mostra e se fala. Há um poder que opera na linguagem, construindo a partir dela um círculo de significações. Significados que não são neutros, mas que são produzidos em meio às relações de poder. É por dentro dessas relações de poder que os grupos sociais mobilizam cadeias discursivas que forjam a identidade. Reiterando essa idéia, a identidade é, pois, ativamente produzida na e por meio da representação: é precisamente o poder que lhe confere seu caráter ativo, produtiva. (SILVA, 2001, p.46)

Ao mesmo tempo em que somos atravessados por notícias, imagens, estatísticas que apresentam uma configuração negativa sobre os jovens, paradoxalmente, é a partir da juventude que surgem novas idéias e inventividades no campo cultural, buscando maneiras de se organizar e de existir entre tantos conflitos, promovendo formas fundamentais e plurais de expressão e comunicação.

A juventude é mais do que uma palavra...

Os jovens manifestam, com mais intensidade e variedade que outras gerações, as mudanças culturais, e é mais no plano da cultura do que no da política ou da economia que se evidenciam as novas modalidades que assume a juventude atual. Sensíveis às novas tecnologias e ao predomínio da imagem, os jovens encontram aí um âmbito propício para capturar e expressar a variedade cultural do nosso tempo e orientar- mais no plano dos signos do que num de ação sobre o mundo- seu apetite de identidade.” (Margulis apud Herschmann, 2000, p. 55-56)

Queremos construir e contar uma outra história com os jovens da periferia, e nos demos conta de que esse é um momento favorável para isso. Para tanto, diferentemente das propostas de senso comum, podemos potencializar um grupo de jovens que atuarão no bairro mudando, alterando e qualificando a própria juventude vivida, sentida no seu dia a dia. Dessa forma, não há uma formação isolada, mas sim a possibilidade de criarmos um coletivo de educadores sociais que se forma junto, que compartilha de idéias e de experiências.

A idéia exposta acima vem a se estabelecer para avançarmos em alguns desafios que localizamos durante o debate do tema: educação, cultura e lazer. Tais como:


Empoderamento da base;

Fortalecimento de protagonismo juvenil;

Disputar a institucionalidade;

Desconstruir a imagem esteriotipada da periferia;

Dar visibilidade e socializar as produções dos grupos culturais;

Criar alternativas e condições de lazer no local onde se vive;

Manutenção e fomento das propostas do fórum social das periferias;

Potencializar os interesses dos diferentes grupos sociais ( gênero, etnia, classe, sexualidade, território)

Quebrar o paradigma competitivo (lógica mercadológica)

Construir o diálogo entre os diferentes saberes ( acadêmicos e populares)

Com esses desafios colocados e com a demanda que os jovens têm nos mostrado, planejamos estratégias de mobilização das juventudes, onde haverá um empoderamento dos jovens e de todos aqueles que querem melhorar em sua formação.

Nossa ação será a de construir um coletivo de educadores sociais (com grande investimento no potencial de mobilização dos jovens da periferia), a fim de consolidar um grupo de formação continuada, trabalhando a reflexão- ação, planejando, discutindo, agindo... Procuraremos melhor entender para melhor intervir. É por aí....

Abaixo o cronograma de nosso grupo de estudo (para tod@s que quiserem participar). Aberto a sugestões! - CÁTIA CARVALHO


Cronograma de Formação - Grupo de estudos

Dia da semana: quartas-feira
Horário: das 14 às 17h
Periodicidade: quinzenal


Eixo de estudo: Culturas juvenis em suas diferentes dimensões, foco na realidade de periferia.

MARÇO

19/ 03- Movimentos juvenis contemporâneos, as diferentes formas de organização dos jovens, o protagonismo juvenil.

ABRIL

02/04- Culturas juvenis e relações étnicas

16/04- Culturas juvenis, o espaço urbano, a exclusão social e as violências.

30/04- Culturas juvenis, a comunidade e o tráfico


MAIO

14/05- Culturas juvenis e os espaços-tempos- práticas de lazer

28/05- Culturas juvenis e mídia


JUNHO

11/06- Culturas juvenis e o consumo

25/ 06- Culturas juvenis e a construção cultural do corpo


JULHO


09/07- Culturas juvenis, relações de gênero e relações de poder

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